segunda-feira, janeiro 16, 2006

saí de casa sem pensar em ninguém. me foi reservado um destino vazio.
meu pai costumava dizer: "você só se preocupa consigo mesma", mas não, diria que me afastei em um ato de desamor próprio.
era um insulto a mim mesma. me ofendia de várias formas e esse seria o ápice da crueldade.
entrei em um ônibus qualquer e me sentei. por um momento me arrependi e estava prestes a levantar, mas vi pela janela pessoas chorando e era preciso continuar. a solidão me livraria das despedidas.
não iria mais recorrer a braços alheios. sorrisos não deixariam mais marcas no meu passado. o sol me perderia de vista e as lágrimas não teriam mais aquele charme. todos pareciam ignorar a beleza das lágrimas verdadeiras, já eu só me havia cansado delas.
aquele dia eu não olhei para trás e disso eu me arrependi amargamente, mas foi por medo de fraquejar.

mãe, pai, amo vocês. dor que não cicatriza.
menino, que as lágrimas limpem a maquiagem do teu rosto.
meu destino é vagar pelas ruas e ser vista apenas de longe.
não é nos outros que encontro o que me falta.
5:03 AM
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