isabelle.
terça-feira, janeiro 23, 2007
ou
poeira estelar.
ou
gelo fino, fino, fininho.
passos.
silêncio.
coração.
canções de gente solitária.
thin ice.
imagem.
eu gostaria que todo esse sangue que se vai não fizesse escorrer junto meu coração. porque no final das contas eu sempre me vejo almadiçoando alguém. nem que seja a mãe do infeliz que asfaltou aquela porcaria. queria uma dor mais interna. ser acusada dos meus próprios crimes. a culpa foi minha que não encurtou o vestido. entende o que eu quero dizer? entende?
está vendo? já estou prestes a te culpar por não ter alcançado minha carne crua.
não me tenho mais na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. me perdi nessa vida que de tão precária se fez ausente, dela só me sobrou o medo abafado. eu faço mesmo é parte da platéia, não torcendo pelo final feliz, mas torcendo pelo fim da peça mesmo.
não me toques, que já não quero ser tocada, meu Deus. não quero sua perfeição que aborta minha essência, não quero que jogue em minha face que sou a personificação do relativo, não quero mais suas verdades vazias porque só vazias poderiam ser suas, não me faça perder o dom de sangrar lindamente.
aqui está a fúria de uma menina. boca suja e punhos levantados. eu não sou bonita, eu não sou saudável, no momento me quero feia e doente mesmo. não para que sintam piedade de mim, pois esse cheiro enjoativo de piedade do homem que passa e me vê sentada no chão que é tão sujo quanto nós mesmos, me dá vontade de cuspir em sua face barbeada. mas para que seja atingido pelo nojo. estou aqui para provocar, só me restou o trabalho sujo.
não busco o veludo, quero tecido lavado e relavado que vive mais que o próprio dono, cheiro de sabão e gente velha.
(...)
12:22 PM
$